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27 de junho de 2013

GUERRA FRIA: URSS X EUA. CONFLITOS INDIRETOS PARA UMA GUERRA IDEOLOGICA PELA HEGEMONIA MUNDIAL.




INTRODUÇÃO:



A Guerra Fria se caracterizou por uma guerra ideológica com conflitos indiretos entre os EUA e a URSS, grandes potências da época que disputavam a soberania mundial através de uma grande corrida tecnológica e armamentista, que inclui o aumento da produção de bombas atômicas, o desenvolvimento da indústria aeroespacial, e a consequente ameaça de uma possível guerra entre ambas cujo medo incluía o equilíbrio do terror diante do poder destrutivo de ambos os países.
O artigo desta postagem busca analisar os conflitos indiretos em que ambas as potências estiveram envolvidas, buscando não apenas a utilização da indústria de guerra, como também manter alianças e consagrar o domínio ideológico na área em questão.
A proximidade da URSS com a Ásia determinou uma influência forte do comunismo sob os movimentos nacionalistas contra o imperialismo ocidental (norte americano e inglês), culminando em revoluções comunistas, que acabaram por solidificar a hegemonia soviética no continente asiático. Posteriormente, com a Revolução Chinesa, a China iniciou ações de disputa com URSS por áreas de influência na Ásia, marcando presença e apoiando o comunismo na Guerra da Coréia, como forma de consolidar autonomia de seu regime político.
Apesar da grande ameaça de Guerra, após a morte de Stalin em 1953 e a entrada de Nikita Kruschshov como líder do partido comunista soviético, a caixa preta da ditadura stalinista foi aberta durante XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, onde em um discurso foram reveladas as perseguições, a tortura, os campos de concentração aos opositores, inclusive ao próprio partido comunista, o que determinou uma cisão entre as diferentes visões e ações dos comunistas em nível internacional, e na URSS teve inicio o processo de desestalinização.
A crise interna soviética somou-se a um processo que incluíra no contexto de Guerra Fria acordos entre URSS e EUA de redução da produção de armas nucleares, além de uma relação direta entre ambos os líderes a partir da década de 1960, como o telefone vermelho, para evitar possíveis conflitos entre as duas potências mundiais. Neste período a Guerra Fria assume um processo de distensão denominado Coexistência Pacífica cujos rumos levarão a degradação da URSS e a consequente abertura política e a consolidação do capitalismo como sistema econômico mundial.


A REVOLUÇÃO CHINESA (1949):





A Revolução Chinesa resultou da retomada de lutas entre comunistas e nacionalistas chineses após a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto também estavam incluídos como fundamentos históricos as relações entre camponeses e latifundiários, e a luta pela unificação do país contra um invasor estrangeiro: o Japão.
O Partido Comunista Chinês (PCC) foi fundado em 1921 e tinha como pauta política a defesa da unificação do país com apoio aos camponeses contra os latifundiários e funcionários do Estado, que dominaram a política do país após terem derrubado a monarquia e consolidado a república.
Chiang Kai-Chek em 1927 assumiu a liderança do Kuomintang – partido nacionalista republicano que governava o Estado chinês; passando a perseguir os membros do parido comunista, pois a liderança comunista, entre eles Mao Tsé-Tung, refugiava-se nas zonas rurais unindo-se aos camponeses e influenciando os operários a incorporara luta revolucionário contra a república chinesa.
O partido comunista havia somado uma força militar de 30 mil homens, o que em oposição culminou em uma ofensiva de Chiang Kai-Chek para eliminar as ações comunistas. Tal episódio culminou entre 1934 e 1935 na Grande Marcha liderada por Mao Tsé-Tung, onde 100 mil homens marcharam quase 10 mil quilômetros para ocupar a região de Shensi no extremo norte da China. Essa ação consolidou a influência comunista entre a maioria da população, que passou a entender tal filosofia, como sinônimo de libertação e verdadeira força da nação chinesa.
No entanto, a consolidação dos anseios comunistas emergiu de uma ação inesperada, que coincidiu com a tentativa de domínio do Japão de domínio da China durante a Segunda Guerra Mundial. As ações imperialistas do Japão determinaram a união dos nacionalistas e comunistas pela expulsão dos invasores da China. Contudo, Chiang Kai-Chek estava determinado, de com o apoio militar dos EUA derrotar os comunistas atacando as bases camponesas. O Exército de Libertação, força militar dos comunistas, enfrentou e derrotou as tropas do Kuomintang, e Ching Kai-Chek refugiou-se na ilha Formosa, atual Taiwan.
Em 1º de outubro de 1949 o Partido comunista tomou o poder e proclamou a República Popular da China.
Após anos de guerra a China estava afundada em uma grave crise econômica e povo vivia em condições miseráveis. Com o apoio financeiro e tecnológico da URSS, os chineses iniciaram o processo de estatização da economia, coletivização das terras, desenvolvimento industrial e a alfabetização da população, o que determinou entre 1949 e 1952, uma rápida recuperação economiza e social cujo resultado foi a apresentação de um alto índice do crescimento industrial, expansão no sistema educacional, e igualdade de direitos entre homens e mulheres, rompendo com preconceitos milenares que subjugavam as mulheres na sociedade.
Apesar do crescimento econômico, o modelo soviético causava insatisfação entre os chineses devido a remodelagem ideológica e cultural que sociedade deveria passar. Tal situação gerou um retrocesso político causado pela baixa produtividade da produção agrícola nas terras coletivizadas, a emergência de uma onda de greves no setor industrial em função dos baixos salários e más condições de trabalho. Em 1956 o Movimento das Cem Flores incluiu uma pauta de discussão critica sobre a situação chinesa que teve a participação de estudantes, intelectuais, camponeses, operários, que desejavam rediscutir os rumos do comunismo sob a ação soviética. O governo recuou e agiu frente aos protestos. Em 1958, Mao Tsé-Tung assume o governo decidindo formular um caminho próprio para a implementação do socialismo na China abandonando o modelo soviético.
Sob o governo de Mao Tsé-Tung a China passou para o Grande Salto para industrialização, onde a falta de capital foi compensada pela ação dos trabalhadores. A reforma agrária foi aprofundada através das Comunas Populares, onde os camponeses instalavam pequenas fábricas, escolas e hospitais com um modelo local de comunismo cujo princípio era a igualdade.
Com a saída dos soviéticos do país, as ações de Mao Tsé-Tung tenderam a fracassar gerando um quadro econômico de nova crise entre 1960 e 1961. No ano seguinte a China entrou em processo de recuperação através da recuperação da produção agrícola pela concessão de lotes para produção camponesa. Neste momento o Partido Comunista se dividiu em duas frentes: 1) liderada por Chu En-Lai, que defendia a proposta das Quatro Modernizações- agricultura, defesa nacional, ciência e tecnologia; 2) a de Mao Tsé-Tung que acreditava na mobilização popular para resolver a situação do país.
Neste contexto a China passou a criticar os soviéticos, sobretudo após a morte de Stalin, onde a Coexistência Pacífica entre EUA e a URSS teve inicio. A China se afastou da URSS e passou a disputar a hegemonia comunista na Ásia almejando tronar-se uma referência internacional. 

Mao Tsé-Tung lidera a Revolução Cultural Chinesa.
  
Culto ao líder, leitura do Livro Vermelho, censura e fechamento do Estado faziam parte do modelo de socialismo chinês.

Em1966 a China passou pela Revolução Cultural Proletária, liderada por Mao Tsé-Tung, que extinguiu o modo de vida burguês e capitalista, proibindo a entrada de livros e da cultura ocidental no país. Mao se apoiou numa enorme mobilização da juventude urbana da China, organizando grupos conhecidos como Guardas Vermelhos.
Os guardas vermelhos eram unidades paramilitares compostas de 11 milhões de estudantes, organizadas pelo PCC, que ajudaram Mao Tsé-Tung a derrotar seus rivais na luta pelo comando do país. O grupo, que chegou a ter 11 milhões de integrantes, iniciou uma onda de vandalismo contra monumentos históricos - que lembravam a antiga cultura chinesa -, perseguiu membros rivais do PCC, professores, intelectuais e pessoas acusadas de associação ao imperialismo. Além da guarda, Mao tornou a leitura do Livro Vermelho obrigatória no país e instituiu o culto a sua imagem.
Em 1976 quando Mao Tsé-Tung morreu, os novos dirigentes do PCC assumiram o poder e colocaram fim a Revolução Cultural adotando a política das Quatro Modernizações, que incluía o socialismo de mercado à economia chinesa.


GUERRA DA CORÉIA (1950/1953)

Mapa da Coréia. Divisão entre Norte e sul após a Segunda Guerra Mundial e após a Guerra da Coréia.

A Guerra da Coréia foi um dos marcos na Guerra Fria. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Coréia foi invadida por japoneses, mas guerrilheiros comunistas conseguiram conter a invasão. Na Conferência de Yalta e Potsdam em 1945, Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram dividir a Coréia em duas áreas de influência através do paralelo 38, definindo o norte sob influência comunista e o sul sob domínio norte-americano.
Na parte norte da península, sob o apoio soviético Kim Il Sung implementou a República Popular da Coréia sob regime comunista, enquanto na parte sul prevalecia o regime capitalista sob um governo ditatorial militar. Com o estímulo de Stalin a Coréia do Norte resolveu invadir a Corei do Sul como forma de unificar a península sob o regime comunista. O governo norte-americano não aceitou a invasão e a guerra teve inicio com o apoio da URSS e dos EUA.
Com a intervenção da ONU, os norte-americanos impediram o avanço dos norte-coreanos sob o sul, e realizaram um contra-ataque invadindo o norte como forma de unificar as Coréias. A China se posicionou avisando que se isso ocorresse iria entrar na guerra.
Com a entrada da China na guerra ocorreu recuou norte-americano do norte e o consequente desfecho do conflito através do estabelecimento das duas Coréias: norte – comunista, e sul- capitalista, divididas pelo paralelo 38. Em 1953, a guerra chegou ao fim.






GUERRA DO VIETNÃ (1959/1975) 

Vietcongues armam-se contra os soldados americanos utilizando estratégia de guerrilha.

A Guerra do Vietnã está associada a um processo histórico fundamentado no imperialismo francês. A região da Indochina formada pelo Laos, Camboja e Vietnã era dominada pelos franceses. Em 1941, a Indochina foi atacada pelos japoneses, mas os guerrilheiros do Viet Minh – da Liga pela Independência do Vietnã; liderada por Ho Chi Minh, iniciou a luta contra o exército japonês.
Com o fim da guerra, Ho Chi minh proclamou a independência dando origem ao Vietnã, mas a França regiu enviando tropas para retomar o domínio sob o território. Entre 1946 e 1954, os guerrilheiros do Viet Minh resistiram a França concentrando-se no norte do país, e após anos de luta e vitórias conseguiram negociar a saída dos franceses do país e o fim da guerra. Em 1954 a França reconheceu a independência da Indochina e a formação do Laos, Camboja e Vietnã. No entanto, o Vietnã acabou dividido em dois, sendo o norte – República Democrática do Vietnã, apoiada pela URSS e China; e o sul – a República do Vietnã, apoiada pelos EUA.
Em 1955, com o objetivo de impedir a expansão do comunismo, os EUA apoiou a implantação de um regime autoritário militar e repressivo liderado pelo general Ngo Dinh Dien. A intervenção norte-americana objetiva impedir o avanço comunista no sudeste Ásia. Em 1960 protestos durante as eleições no Vietnã sul ocorreram e a Frente de libertação Nacional passou a se opor a ditadura e receber auxilio dos guerrilheiros do norte com armas e alimentos. A FNL era formada por vietnamitas comunistas do sul, que pejorativamente forma chamados de vietcongue.
Com o crescimento da FNL, os EUA começaram a enviar tropas militares e armamentos para o exército do Vietnã Sul contra os vietcongues apoiados pelo norte. Em 1964 estourou oficialmente a guerra no Vietnã.
Nos EUA uma forte mobilização e manifestação social teve inicio com os movimentos de contracultura, que defendia o slogan “Faça amor e faça Guerra”. A propaganda de guerra nacional incentivava a defesa do país e o recrutamento como exemplo de nacionalismo em oposição às manifestações, que defendiam que a guerra com o Vietnã era sem objetivo e fora de questão, motivada pelo alimento da hegemonia militar americana e para satisfação da difusão do America Way of Life. Além disso, era a primeira vez que uma guerra aparecia na televisão, e os horrores dos combates apresentavam as imagens chocantes de destruição.
 
 
Movimento de jovens norte-americanos que defendiam o slogan "Faça amor e não faça guerra".

Mesmo com a supremacia militar os vietcongues utilizaram a tática de guerrilha contra o desconhecimento do território pelos americanos, o que levou a vitoria sucessivas do exército comunista e a morte de milhares de jovens soldados americanos.
Em 1972, Richard Nixon ampliou a guerra ao bombardear o Laos e o Camboja, e mesmo assim os vietcongues apoiados pelo Vietnã do Norte continuavam a causar grandes baixas no exército americano. Em 1973, desgastado, os EUA assinou um tratado de paz com o Vietnã e retirou os soldados do país, mas a guerra se prolongou até 1975, quando o Vietnã Norte, tomou Saigon, capital do Vietnã sul, e unificou o país com o nome de República Socialista do Vietnã. 

Mapa do Vietnã

O reflexo da guerra do Vietnã contabiliza um saldo de 2 milhões de civis mortos, pessoas desaparecidas, soldados mutilados, e maior potência militar do planeta saiu humilhada da guerra.  


REVOLUÇÃO CUBANA (1959)

 
Ernesto Che Guevara e Fidel Castro: líderes e símbolos da Revolução Cubana

"Cuba dará, também, seu grão de areia para que o mundo se entenda... Cuba deve constituir, para o mundo, neste momento, uma preocupação, porque é um dos problemas mundiais... Dizem que em Cuba não existe a paz que o mundo deseja... Mas somos nós, cubanos, representantes de Cuba, merecedores do mau tratamento que temos recebido?" (Trechos do discurso de Fidel proferido da tribuna da Assembléia Geral da ONU em 1959 após a Revolução Cubana).

A Revolução Cubana tem raízes na atuação do imperialismo norte-americano intensificado com a Emenda Platt, promulgada em 1902, após a independência cubana da Espanha (1898), que ocorreu sob auxílio dos EUA. A independência custou caro aos cubanos, pois após o suposto alcance da liberdade, a nova constituição cubana admitia o direito dos norte-americanos de intervir na ilha sempre que seus interesses fossem ameaçados, o que limitou a soberania cubana.
Todos os setores da economia estavam vinculados ao domínio estadunidense. Os latifúndios de cana de açúcar pertenciam aos EUA, as eleições eram marcadas por fraudes e violência, a ilha era alimentada pelas importações norte-americanas, entre outros abusos que tronavam o povo cubano submisso. 
Em 1952 Fulgêncio Batista assumiu o poder após fraudar as eleições e impôs um governo ditatorial. Estudantes em Havana protestaram, entre eles Fidel Castro com 26 anos, que junto a um grupo de 150 homens se organizava para retirar Batista do poder. Em 1953, Fidel atacou o quartel de Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e Fidel e seus companheiros foram presos, mas o ditador anistiou os rebeldes, o que levou Fidel a se exilar no México, onde reorganizou suas forças com o Movimento Revolucionário 26 de julho (MR-26), onde Ernesto Guevara, conhecido como Che Guevara, integrou-se ao grupo.
No final de 1956, Fidel retornou a Cuba para iniciar o confronto militar com Batista. O plano de desembarque fracassou e Fidel teve que se refugiar com os companheiros em Sierra Maestra, onde começaram as operações guerrilheiras. Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram em Havana.
 
Revolucionários entram em Havana.

Fidel Castro discursa para população.

O novo governo formou tribunais revolucionários para julgar os funcionários da ditadura de Batista. Uma série de medidas beneficiaram a população como a redução de aluguéis e dos preços dos remédios, controle das tarifas de telefone e energia, instituição de uma salário mínimo para os cortadores de cana, grandes investimentos para educação e reforma agrária.
Os EUA reagiram em relação as medidas tomadas por Fidel, sobretudo a reforma agrária. A oposição das elites cubanas ao governo de Fidel foi imediata. A postura nacionalista e progressista inicial das medidas tomadas por Fidel criaram um clima hostil entre o governo cubano e os EUA. A situação agravou-se quando Cuba assinou um acordo comercial com a URSS. Em retaliação os EUA sabotaram as usinas de açúcar e explodiram uma bomba no porto de Havana matando 100 cubanos. As cotas de importação do açúcar para os EUA foram suprimidos, e em oposição Fidel nacionalizou as empresas norte-americanas de combustíveis, energia, telefonia e os bancos. O governo norte-americano respondeu com o embargo econômico a Cuba, proibindo exportações para ilha, exceto de alimentos e remédios.
Em 1961, Kennedy denunciou a presença de mísseis soviéticos em Cuba forçando a União Soviética a retirar da ilha seu arsenal nuclear, e ordenou o desembarque na Baía dos Porcos como forma de derrubar o governo de Fidel. A ação foi fracassada e um dia após o ocorrido a revolução socialista foi proclama em Cuba, que passou a ganhar auxilio militar e proteção da URSS.
Em 1962, na Conferência de Punta del Este (Uruguai), Cuba foi excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA). Com exceção do México, todos os países romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba, sob o pretexto de que Cuba estava exportando sua revolução para toda a América Latina. O México como membro da OEA defendia o princio de não-intervenção e autonomia. Ao final da reunião os delegados mantiveram a posição de não alinhamento, optando pelo isolamento de Cuba, descartando a intervenção militar.


O COLAPSO DO COMUNISMO: DESESTALINIZAÇÃO E FIM DA URSS.


 


O ano de 1970 foi muito complicado para URSS, descrito pela estagnação econômica, causada pela recusa dos líderes soviéticos em executar reformas. Os EUA, desde 1960, investiam na computação, robótica e telemática adotando no campo industrial métodos de flexibilização e tecnificação da produção como o modelo toyotista, que incluía na linha da produção robôs no lugar da mão de obra operária, exigindo funcionários altamente qualificados para uma produção não mais em larga escala, e sim, just in time, ou seja, conforme a demanda do mercado. Já os soviéticos mantiveram o tradicional modelo fordista taylorista, o que os colocava em desvantagem com a produção Ocidental.
A crise se intensificou com a retomada de Ronald Regan pela disputa bélica com a chamada “Guerra nas Estrelas”. O esforço da população soviética para acompanhar isentou o país da imersão em uma forte crise econômica agravada pela crise capitalista provocada pelos choques do petróleo em 1970.
Em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o cargo de Secretário Geral do Partido e iniciou um processo de pacificação e abertura política, que visava reerguer a economia soviética e reduzir a disputa com os EUA. A primeira medida tomada foi à redução de 50% das armas nucleares além da destruição dos arsenais atômicos até o ano de 2000. Gorbachev ainda criou um processo de reestruturação conhecido como Perestroika buscando retomar a economia de bens de consumo e descentralizar o sistema produtivo. Junto à Perestroika, foi lançada a Glasnost, que previa a transparência política, que na verdade culminou em uma enxurrada de criticas ao governo soviético como devastação do meio ambiente, grande burocracia, autoritarismo dos dirigentes de empresas, péssima qualidade de serviços, dupla jornada de trabalho para as mulheres, gerando uma situação de forte questionamento na sociedade após anos de ditadura.


Mikhail Gorbachev
Paralelo aos problemas internos da URSS, o mundo socialista vivia um colapso gerado por uma série de movimentos nacionalistas, sobretudo na Iugoslávia, Tchecoslováquia e Hungria, Cazaquistão, Bielo-Rússia, Ucrânia, Lituânia, Estônia que almejavam a desagregação do bloco socialista e o alcance da autonomia territorial e política.
Em 1989, com a queda do Muro de Berlim, o colapso do comunismo estava oficialmente decretado, assim como o fim da própria Guerra Fria. Uma onda de movimentos democráticos rondava o Leste Europeu. Com a abertura proposta por Gorbachev, a centralização da URSS abatida pelos movimentos nacionalistas de libertação e democratização o que culminou na desagregação do gigante comunista.


Boris Yeltisin
 
Em 1991, Boris Yeltsin foi eleito presidente, depondo Gorbachev do poder. Neste mesmo ano foi decretado o fim da URSS, o reconhecimento dos países que lutavam por liberdade, tornando as repúblicas independentes da URSS, e a criação da Rússia cujo marco foi a retirada da bandeira do símbolo da foice e do martelo, substituídos pela bandeira da Federação Russa.
Estava consolidado o fim do comunismo na URSS e a retomada do capitalismo no país.


A CHINA E A SOCIALIZAÇÃO DE MERCADO.



Em 1978 a China aprovou o projeto das Quatro Modernizações, que em primeiro lugar buscou o desmonte do governo de Mao Tsé-Tung. A terra foi redistribuída entre as famílias camponesas, com a obrigação de venderem parte da produção para o Estado por um preço pré-determinado, e a outra poderia ser vendida livremente para o mercado. O aumento da renda camponesa abriu um vasto mercado para a produção industrial.
A segunda iniciativa do Estado sob o comando de Deng Xioauping foi fomentar o desenvolvimento industrial através da utilização do capital estrangeiro, o deu origem a criação das Zonas Econômicas Especiais (Zees) em cidades do litoral do país. O objetivo das Zees era a instalação de indústrias estrangeiras diversificadas voltadas para exportação.
No entanto, é importante observar, que o crescimento econômico do China e o forte interesse das empresas estrangeiras no país não se dão apenas pelo incentivo do Estado. A China oferece uma grande quantidade de trabalhadores com baixos salários, e utiliza o recurso de desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar, o que beneficia suas exportações ampliando-as em 300% de 1990 a 2000, tornando o mercado chinês mais competitivo e lucrativo com os EUA.
Por trás da liberalização econômica, o que está atraindo capitais para a China, é o baixo custo de mão-de-obra muito disciplinada e trabalhadora. O salário mínimo na China é de 25 dólares por uma jornada de trabalho de 12 horas diárias. Na província de Fuyian o salário médio de um operário é 65 dólares, em media por mês. O outro lado do “milagre econômico chinês” foi o agravamento das desigualdades sociais e regionais, que tem provocado as migrações internas. A cidade de Shenzen, por exemplo, cresceu de 100 mil habitantes em 1979, para mais de três milhões em 1999. Todos queriam ir para as zonas econômicas especiais em busca de melhores salários.
Com base na abertura econômica e nos baixos salários, o mundo foi invadido por produtos chineses. Em 1980, período de inicio das reformas econômicas, a China ficou em 25º no ranking de exportadores, exportando 18 bilhões de dólares. Em 1997, porém o país exportou 183 bilhões de dólares, tornando-se o 10º maior exportador do mundo.
Em 1997, o governo privatizou as indústrias estatais como, indústrias químicas, de distribuição de grãos, de energia. Tal impulso e diversificação industrial determinaram um forte desgaste ambiental, poluição de cidades, exploração de mão de obra, crescimento territorial desordenado, entre outros graves problemas surgidos em nome do socialismo de mercado, onde a maior parte do lucro obtido pelo crescimento econômico chinês passa a ser reinvestido na própria China como exigência do Estado, sem negar os abusos e a liberalização da econômica para o capitalismo.
Embora a economia chinesa tenha fortes características capitalistas, o Partido Comunista Chinês mantém a defesa do socialismo com características chinesas, o que implica na manutenção do autoritarismo, do regime ditatorial e da intolerância

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